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quarta-feira, 22 de novembro de 2017

Conheça 12 artistas que lideram a cena de arte contemporânea na África




Notes Towards a Model Opera de William Kentridge

“Quis mostrar a criatividade pura deles, sem a interferência de um ensino formal de escola de arte ou museu”, explica o colecionador no catálogo da exposição Les Initiés ao explicar como escolheu as obras expostas na fundação Louis Vuitton entre as mais de 10 mil peças de seu acervo.  Abaixo, doze nomes que você precisa conhecer já!

Romuald Hazoumè

1. Romuald Hazoumè, Benim

Romuald Hazoumè tem forte conexão com o povo e cultura Iorubá (grupo étnico do oeste da África) na qual as máscaras são protagonistas. Com pequenos gestos – posicionando ou adicionando um ou dois elementos – revela rostos e quebra convenções de conhecimentos ancestrais. As sagradas máscaras ganham ar contemporâneo no melhor estilo ready-made quando ele usa objetos de seu cotidiano como cordas, funis e galões – fazem referência ao transporte ilegal de petróleo da Nigéria e denuncia o perigo deste sistema lucrativo para a população.
Há, ainda, uma critica ao lixo que estamos produzindo e depositando no planeta. Hazoumè é também conhecido pela obra La Bouche du Roi na qual usou os mesmos galões e outros materiais reciclados para reproduzir o Brookes – um navio ingles que transportava escravos no séc. 18.
Chéri Samba

2. Chéri Samba, República do Congo

Fã de artistas da pintura popular como Camille-Pierre Pambu Bodo, Chéri Cherin e Moké, Chéri Samba deixa a sua marca ao inserir textos nas telas em francês e lingala – idiomas de seu país. Inspirado pelo dia a dia, Samba aponta para questões ecológicas, para as consequências do terrorismo, para a corrupção dos políticos, para o problema da AIDS na África e para o reconhecimento da arte africana.
Em Enfin!...Àpres tant d´années, por exemplo, ele retrata uma exposição com obras de Picasso e Magritte ao lado de obras de artistas africanos – incluindo uma do próprio Samba. Com estilo figurativo, direto, bem humorado e provocativo, ele retrata com audácia uma turbulenta, agitada e resolutamente África contemporânea.
Malick Sidibé
Malick Sidibé

3. Malick Sidibé, Mali

“Com essa documentação quero mostrar a alegria e inocência da juventude africana”, disse Malick Sidibé. Conhecido pelos retratos que pesquisam a cultura popular de Bamako nos anos 1960, Sidibé nos mostra uma África alucinada e feliz com todas as promessas e possibilidades pós-independência. Apesar de sair das ruas e dedicar aos retratos em estúdio na década seguinte, Sidibé é reconhecido por capturar a evolução da moda, estilo de vida e desejo de emancipação dos anos 1960 e 1970. Foi o primeiro artista africano a ganhar o Leão de Ouro em Veneza em 2007.
Frédéric Bruly Bouabré
Frédéric Bruly Bouabré

4. Frédéric Bruly Bouabré, Costa do Marfim

Pensador, filósofo, pesquisador, contador de histórias, historiador, poeta, artista, Frédéric Bruly Bouabré trabalhou em todos os campos das artes.
Os desenhos, resultado de uma “visão divina” em 1948, incluem milhões de figuras combinadas com escritos.
Bouabré dizia estar construindo uma “enciclopédia da sabedoria do mundo”, composta por “cartas” que registram conhecimentos, sinais, pistas, pensamentos e imagens que apareceram para o artista, para unir a humanidade. Declarava estar apenas escutando a natureza – pois “já está tudo lá” – para traduz sonhos, mitos e conhecimentos científicos com poesia e significado simbólico.
Em Museu da face africana, sua série mais famosa,o artista faz um inventário de diferentes rostos e partes do corpo revelando as diferentes identidades do homem e sua relação com a família e território. Ele também chegou a escrever centenas de cartas onde transcrevia as tradições orais de seu povo.
Seydou Keïta
Seydou Keïta
Seydou Keïta


5. Seydou Keïta, Mali

Considerado um dos maiores fotógrafos da primeira metade do século 20, Seydou Keïta é autor de um testemunho excepcional da sociedade malinesa uma importante transição social: fotografa desde o fim da Segunda Guerra até a independência no início dos anos 1960.
Maestria no enquadramento e inventividade das poses somados aos cenários com tecidos decorativos gráficos e extravagantes garantem um ar sublime de seu personagens – que podem aparecer sozinhos, em casal, em família ou com amigos. Carros, motos, bicicletas ou rádios também podem aparecer para compor as cenas e ajudam a expressar a posição social dos modelos ou sua personalidade.
As inovações estilísticas, a atitude dos personagens, as roupas e as impressões com motivos africanos ao fundo dão a estas imagens uma força que influencia artistas até hoje.
J. D. 'Okhai Ojeikere
J. D. 'Okhai Ojeikere


6. J. D. 'Okhai Ojeikere, Nigéria

Simples e elaborado. Tradicional e contemporâneo. J. D. 'Okhai Ojeikere produziu o maior arquivo fotográfico de seu país ao registrar centenas de cabelos das nigerianas entre 1968 e 1999.
Sempre em preto e branco, formato 6x6, sem cenários e pouquíssimos adereços. Cada cabelo tem um nome, uma história e um significado preciso. Para o dia-a-dia ou cerimônias, os arranjos são mais que uma piração fashion: falam mais sobre as marcas sociais, a personalidade e as regiões onde estas mulheres vivem. Ojeikere queria preservar e divulgar a cultura de um povo.
Jane Alexander


7. Jane Alexander, África do Sul

Referência na cena contemporânea da África do Sul, Jane Alexander faz esculturas e instalações imersivas que lidam com questões universais como a desigualdade, opressão e obcessão por segurança. Político e sonhador, seu trabalho reflete a ambivalência do período do apartheid e do mundo contemporâneo.
Infantry with beast, trabalho que está na mostra da fundação, é um batalhão de 27 homens com cabeças de cachorro marchando sobre um tapete vermelho. O cão da raça lycaon pictus, também conhecido “cachorro selvagem africano”, apareceu sistematicamente em campanhas de erradicação até entrar para a lista de espécies ameaçadas de extinção. Caçador e caçado, o animal simboliza aqui a ambiguidade do predador e da presa fazendo um link com um sistema de exército autoritário.
Zanele Muholi
Zanele Muholi


8. Zanele Muholi, África do Sul

Zanele Muholi é uma fotógrafa e ativista visual. Faz retratos que questionam a posição da mulher negra na África do Sul, discutindo, ainda, temas como identidade sexual e reconhecimento.
Em sua famosa série Faces and phases follow up foi uma reação a uma série de crimes e assassinatos homofóbicos na África do Sul. Muholi fotografou, desde 2006, 300 mulheres lésbicas ou transexuais em diferentes períodos de sua vida. É uma obra sobre a construção de identidade que confrontam as noções preconcebidas da audiência quando o assunto é gênero binário, classe, sexualidade e raça: “Estou tentando construir um entendimento do que significa ser mulher, lésbica e negra hoje”, explica a artista que destaca, ainda, a dificuldade em representar corpos e identidades que são varridas por um fluxo de interpretações descontroladas e equivocadas.
Engajada politicamente, ela é comparada a outros grandes fotógrafos de seu país comprometidos em dar visibilidade a comunidades marginalizadas e muitas vezes abusadas – muitas vezes através de estupros punitivos – como David Goldblatt, Ernest Cole, Peter Magubane e Alf Kumalo.
William Kentridge
William Kentridge

9. William Kentridge, África do Sul

Maior figura da cena artística e intelectual da África do Sul, William Kentridge está presente nas mais importantes exposições do mundo com trabalhos multifacetados, que tem desenvolvido desde os anos 1980, unindo diferentes artes: ilustração, performance, teatro e ópera.
No filme Notes Toward a Model Opera, obra mais bela da mostra, ele retrata a história política, social e intelectual da China através de oito “óperas proletárias” criadas durante a Revolução Cultural Chinesa (1966-1976). Sombras chinesas coreografam duelos entre elementos de protestos – pense em megafones, bandeiras vermelhas e cartazes. Ao fundo, uma combinação de mapas de territórios marcados por revoluções ou de cidades que passaram por intensas crises se intercalam com slogans, livros com escritos em chinês ou notas do próprio artista. Com trilha composta pelo também sulafricano Philip Miller, Kentridge nos oferece uma obra imersivas que incentiva a reflexão sobre revolução e suas diferentes manifestações.
Athi-Patra Ruga

10. Athi-Patra Ruga, África do Sul

Performer militante e provocativo, Athi-Patra Ruga ficou conhecido por criar vários avatares em cidades desde Pretória a Veneza combinando referências de balé, hip hop, figuras hollywoodianos ou super heróis em fotografias, vídeos, esculturas ou tapeçarias – caso da série exposta na Louis Vuitton. Nelas, ele usou lã tecida tradicionalmente para construir a narrativa de uma guerreira espiritual de um personagem personificado pelo artista. São retratos em cenas históricas com drones, animais fantásticos e encruzilhadas com identidades hibridas construindo uma estética afro-futurista. É a história de um êxodo para Azania, uma nação negra utópica com tradição de militância poética e literária.
Omar Victor Diop
Omar Victor Diop


11. Omar Victor Diop, Senegal

Na série Diaspora, Omar Victor Diop atualiza retratos de doze africanos que tiveram, entre os séculos 16 e 19, um importante papel fora de seu país de origem. Com figurino e cenografia cuidadosamente elaborados, os retratos do artista revisitam a história do gênero – das miniaturas de Mughal às pinturas da corte da Europa: Malik Ambar (1549-1626) um escravo etíope que virou ministro na Índia ou Dom Nicolau (1830-1860) príncipe do Congo e primeiro líder africano a se opor à política colonial. Detalhes anacrônicos emprestados do universo do futebol (cartão vermelho, bola, luvas, apito) recolocam esses atores de histórias desconhecidas no mundo contemporâneo. “Para mim, futebol é um interessante fenômeno global que revela onde a sociedade está quando tratamos de questões de raça”, explica o artista.
Kudzanai Chiurai


12. Kudzanai Chiurai, Zimbábue

Um dos maiores representantes da geração born-free, Kudzanai Chiurai é um ativista que aponta para questões políticas, sociais e culturais de seu país construindo cenas supostamente cotidianas com uma estética única usando os fundos gráficos semelhantes aos que tanto marcaram o trabalho de Malick Sidibé e Seydou Keïta. Chiurai, no entanto, atualiza suas imagens temas violentos e políticos de uma África que já não está tão esperançosa como nos anos 1960 e 1970. Ele esteve ao lado de Zanele Muholi e William Kentridge na Documenta de Kassel.

Serviço
Les Initiés e Être là
Local: Fondation Louis Vuitton
Endereço: 8 Avenue du Mahatma Gandhi, 75116 Paris

Fonte: Casa Vogue

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