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domingo, 20 de março de 2016

"Citado por Moro, Watergate gerou grande expectativa (e desilusão) nos EUA"


Watergate, que derrubou Richard Nixon, também envolveu gravações de conversas

Citado pelo juiz Sérgio Moro em despacho na quinta-feira, o escândalo de Watergate provocou uma das mais graves crises institucionais da história dos Estados Unidos e, como a Operação Lava Jato, gerou grandes expectativas de mudanças na política americana.

Muitos acreditavam que o caso ─ que levou à renúncia do presidente Richard Nixon em 1974 ─ ampliaria o controle sobre as campanhas eleitorais e ameaçaria o domínio dos principais grupos políticos.

Quarenta e dois anos depois, porém, os partidos Democrata e Republicano continuam a se revezar na Casa Branca, e a disputa pela sucessão de Barack Obama deverá ser a campanha eleitoral mais cara da história do país.

Moro se referiu ao Watergate ao justificar a divulgação de gravações de telefonemas entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a presidente Dilma Rousseff.

"Ademais, nem mesmo o supremo mandatário da República tem um privilégio absoluto no resguardo de suas comunicações, aqui colhidas apenas fortuitamente, podendo ser citado o conhecido precedente da Suprema Corte americana em U.S. v. Nixon, 1974, ainda um exemplo a ser seguido", afirmou o juiz em despacho.Moro citou Watergate ao justificar divulgação de conversas entre Lula e Dilma

Na disputa judicial citada por Moro, o procurador Leon Jaworski, que investigava ações ilegais para desestabilizar a campanha de um político rival a Nixon, pediu acesso a gravações de conversas entre o presidente e assessores feitas pela própria Casa Branca.

O presidente recorreu à Suprema Corte alegando que o cargo lhe garantia imunidade judicial e que sua comunicação com auxiliares deveria permanecer sob sigilo. Mas a corte decidiu que as gravações deveriam ser entregues, acelerando a renúncia de Nixon.
Grampos na campanha

A crise começou a ser gestada em 1972, quando um grupo invadiu o prédio Watergate, em Washington, para fotografar documentos e instalar grampos telefônicos num escritório do Partido Democrata, que fazia oposição a Nixon e apoiava a candidatura de George McGovern à Presidência.

O objetivo era obter informações que favorecessem a reeleição de Nixon, do Partido Republicano.

Cinco homens foram presos em flagrante durante a invasão. Investigadores descobriram que um deles havia recebido US$ 25 mil da campanha de Nixon, que, no entanto, conseguiu se reeleger.

Conforme a investigação prosseguia, assessores próximos de Nixon foram implicados. Em 1973, o Senado também passou a fazer diligências sobre o episódio e soube que a Casa Branca gravava por conta própria todas as conversas do presidente no Salão Oval, o que levou ao pedido de acesso às fitas.

As gravações revelaram que Nixon havia discutido com assessores formas de obstruir as investigações.
Escândalo de Nixon envolveu espionagem de rival

O presidente renunciou antes que o Congresso votasse seu impeachment, em 8 de agosto de 1974. Seu vice, Gerald Ford, assumiu e lhe concedeu um perdão presidencial, tornando-o imune a punições por atos cometidos em sua administração.

O Watergate levou à condenação de 48 funcionários do governo americano, muitos dos quais acabaram presos.
Limpeza na política

Uma reportagem publicada na revista U.S. News & World Report poucos dias após a renúncia de Nixon dizia que o caso teria um impacto "profundo e duradouro" na política americana e "higienizaria" suas práticas.

A reportagem afirmava que, entre outros efeitos, o episódio afastaria os eleitores dos partidos políticos, pondo em xeque o sistema bipartidário americano, e aumentaria o controle sobre doações eleitorais.

O Congresso chegou a aprovar uma reforma eleitoral, criando um fundo público para financiar campanhas, proibindo doações secretas e definindo limites para os repasses.

Mas aos poucos a Suprema Corte anulou a reforma ao decidir que controlar as doações eleitorais ameaçaria a liberdade de expressão.

A polarização entre os partidos Republicano e Democrata tampouco foi quebrada: todos os presidentes que assumiram desde Nixon pertenciam a uma das siglas.
Eleição americana deve custar cinco vezes mais que a de 2012, que reelegeu Obama
Lições esquecidas?

Com o quadragésimo aniversário do Watergate, muitos órgãos de imprensa analisaram seus legados.

Um artigo na CNN questionava se o país havia esquecido uma lição chave do caso ao permitir que empresas e sindicatos doassem valores ilimitados aos chamados Super PACs (Comitês de Ação Política).

Em tese independentes, esses comitês podem patrocinar comerciais ou eventos favoráveis ou contrários a candidatos.

Na prática, são usados por políticos para driblar restrições a doações e preservar doadores, já que os comitês podem divulgar suas identidades só depois das eleições.

Estima-se que a campanha de 2016 custará até US$ 10 bilhões, valor equivalente ao PIB de Madagascar e cinco vezes maior que as quantias arrecadadas por Barack Obama e Mitt Romney na corrida de 2012.
Fonte:BBC

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