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domingo, 6 de março de 2016

20 temas essenciais da Língua Portuguesa


A gramática é o meio pelo qual estruturamos nossos pensamentos. É o conjunto de condições de linguagem que permite a relação harmônica e coerente entre as palavras de um idioma. É a disciplina que orienta e regula o uso linguístico, estabelecendo um padrão de fala e escrita. A língua evolui, o que leva a um distanciamento entre o uso cotidiano do idioma e os padrões consagrados como correntes numa comunidade.

O desafio aqui é apresentar alguns dos principais temas de português exigidos no cotidiano, no mercado de trabalho e em exames vestibulares e concursos do país. Os itens a seguir foram pensados como um estimulador, para a descoberta de aspectos que, sozinhos, talvez não percebamos de imediato.


Crase rápida

■ Só há fusão de vogais com o encontro da preposição "a" com o artigo "a" e na presença da preposição ante os pronomes demonstrativos "aquela", "aquele", "aquilo" e o demonstrativo "a".

■ Não há crase antes de verbos e palavras masculinas:
"Amanhã iremos ao colégio" = "Amanhã iremos à escola"

■ Há crase quando o [a] equivale a "para a", "na", "pela", "com a".
"Ofereci ajuda à coordenadora." = "Ofereci ajuda para a coordenadora."
Mas: "Ofereci ajuda a ela." = "Ofereci ajuda para ela."

■ A crase é facultativa antes de pronomes possessivos e nomes próprios femininos.

■ Não há crase quando não há a fusão das vogais: "Levei à ela toda a papelada"
Aqui, o pronome pessoal "ela" não admite artigo. Levei a + ela.

■ Se intuímos a regra de que só se usa crase diante de palavras femininas quando há preposição seguida de artigo, evitamos ocorrências como "à 80 km", "à correr" ou "à Pedro". Afinal, nunca pensamos em crase com palavras masculinas ou verbos: daí não haver "a lápis", "a contragosto", "a custo".

■ Se lembrarmos que o sinal grave também elimina ambiguidades, evitamos tirar a crase em contextos que a pedem, por exemplo, "à beira", "à boca miúda", "à caça".



"Haver" e "fazer"
No sentido de "existir" e "ocorrer" são impessoais (não flexionados quando indicam tempo passado ou fenômeno meteorológico).


Equivocado:

■ Houveram fatos inusitados na reunião.
■ Houveram muitas chuvas no mês de novembro.
■ Haviam muitas pessoas na palestra.
■ Fazem quatro meses que trabalho aqui.
■ Fazem anos que não a vejo. 

Correto:

■ Houve fatos inusitados na reunião.
■ Houve muitas chuvas no mês de novembro.
■ Havia muitas pessoas na palestra.
■ Faz quatro meses que trabalho aqui.
■ Faz anos que não a vejo.

O verbo com porcentagem
1. Quando uma expressão modifica o sujeito numeral, o verbo concorda de preferência com a expressão, chamada "partitivo" (grifada):
34% do público veio. (Ou, menos usado, 34% do público vieram.);
14% das pessoas vieram.

2. Sem partitivo, o verbo concorda com o número:
34% roubam. 1% rouba. 90% são safados. 1% é honesto.

3. Partitivo antes, o verbo concorda com o número:
Do Congresso, 10% trabalham. Dos congressistas, 1% merece aplauso.

4. O verbo antes da porcentagem concorda com o número:
Trabalha 1% dos congressistas. Flauteiam 90% dos congressistas.

5. Se a porcentagem for qualificada ou determinada, o verbo concorda com o número e a qualificação ou determinação (aqueles, o restante):
Aqueles 87% do Congresso defendem a si próprios. O restante 1% dos congressistas trabalha com dignidade.

Pedir para, pedir algo ou pedir que?


O verbo "pedir" é bitransitivo, isto é, exige dois complementos: um sem preposição, o objeto direto, às vezes oracional, marcado pela presença de "que".

Só se usa "para" junto ao verbo "pedir" quando estiverem implícitas, antes de "para", as palavras "autorização", "licença" ou "permissão": Pediu para ir ao banheiro. Pediu para ir embora. Pedi para entrar.

Se não houver o subentendimento de tais palavras: Ele pediu que lhe comprassem um sanduíche. (Não "para que..."). Pedi que Lenise me açoitasse. (Não "para que..."). Lenise pede a Ina que seja feliz. (Não "para que..."). Pediu-lhe que deixasse de mentir à CPI. (Não "para que...").



Pôr e querer
Use apenas "s" nas formas "quis", "puseste", etc. Nenhuma delas leva "z".



Pronúncia atropelada, escrita confusa
Cuidados com os termos que tendem a ter pronúncia atropelada ou nos causam confusão na escrita:

Apropriado > adivinhar >ascensão > auscultar > a cólera (ira ou doença) > beneficente > curinga (não coringa) > destoar > dissensão > encapuzado (não encapuçado) > exceção > empecilho > figadal (não fidagal) > flagrante > fragrância > frustração > "mau" (quando em oposição a "bom", usa-se "mau"; em oposição a "bem", usa-se "mal") > obsessão > paralisado > perturbar > perspectiva > pichar > privilégio > problema > recorde (pronuncia-se "recórde", não "récorde" nem "recór") > superstição > vultoso.



HÁ x A
Há - Se o período de tempo já passou: "O fiscal chegou há meia hora";
A - Se o período ainda vai ocorrer: "O fiscal voltará daqui a meia hora".

Há tempo - Há = faz. "O fiscal chegou há tempo": faz tempo que chegou.
A tempo - A = em. "O fiscal chegou a tempo": chegou na hora, em tempo.

Há uma hora - Há = faz. "O ônibus passou há uma hora".
À uma hora - Se a referência for à hora do dia: "O ônibus passou à uma hora".
A uma hora - Nos demais casos. "A próxima parada fica a uma hora daqui"; "Ele viajou a uma hora dessas?", etc.


O "há" pode ser substituído por "faz" quando indica tempo passado. E a preposição "a" indica futuro ou distância; substituída por "faz", não fará sentido.

Por que porquê?


Porque
Escrito numa só palavra, mostra relação de causa entre um termo e outro: "Faltou ao trabalho porque caiu da cama". Usado quando pode ser substituído por: "pois", "que", "porquanto", "uma vez que", "pelo fato", "pelo motivo" e outras conjunções explicativas e causais. "Acho que morreu, porque parou de respirar."

O porquê
Usado numa só palavra acentuada quando substantivo, sinônimo de motivo, causa: "Os porquês dela são insondáveis."

Por que
É usado em duas palavras, nas perguntas e sempre que puder ser substituído por "motivo pelo qual" e "pelo qual" ou quando for implícita uma destas palavras: "causa", "motivo", "razão":
"Por que (motivo) os políticos apoiam qualquer governo? Patriotismo?"

Por quê
É usado em duas palavras, com acento, no fim da frase.
"Sofreu sem saber por quê."



Expressões de grafia duvidosa
> à custa de (não "às custas de")
> a meu ver (não "ao meu ver")
> à vista de (não "às vistas de")
> chamar a atenção (não "chamar atenção")
> dar-se ao direito (preferível a "dar-se o direito")
> dar-se ao luxo (preferível a "dar-se o luxo")
> dar-se ao trabalho (preferível a "dar-se o trabalho")
> defronte de (não "defronte ao")
> em cores - em TV, revista, impressão (não "a cores")
> em frente de/diante de (não "frente a")
> em via de (não "em vias de")



Problemas de som numa frase

Nome O que é Exemplo
Cacófato Sequência de palavras que provoca o som de uma expressão ridícula
ou obscena "Por razões de Estado"
Colisão e hiato Proximidade ou repetição de consoantes e vogais iguais em uma sequência "O salário da secretária sempre será pago na sexta-feira"
Eco Repetição da mesma terminação em prosa "O acesso dado ao processo do réu confesso foi um retrocesso jurídico"




Locuções problemáticas
1. À medida que x Na medida em que
"À medida que" = "à proporção que".
"Na medida em que" = já foi considerada adulteração de "à medida que".
O fato é que seu sentido nem sempre é claro. Pior do que essa, porque ainda rejeitada por muitos e considerada incorreta por alguns, é a locução "À medida em que" = cruzamento de gosto duvidoso. Quem não quiser ter problemas em provas de examinadores rigorosos fará bem em evitar as duas últimas variantes.
"À medida que ele envelhece, torna-se mais sábio." "Os brasileiros perdem o medo da gripe porcina à proporção que o inverno termina."
"Na medida em que" às vezes indica proporcionalidade, às vezes, causa: "Na medida em que o sol se põe, as sombras crescem."

2. Ao invés de x Em vez de
"Ao invés de" = "ao revés de", "ao contrário de".
"Em vez de" = "em lugar de".

3. "Haja vista que"
A expressão não varia, mesmo que seja seguida de outras expressões no plural. Assim, variações como "hajam vista" ou "haja visto" são consideradas incorretas.
"Delegados recebem a notícia com surpresa, haja vista que um policial com esta experiência poderia prestar serviços por mais 10 anos". (jornal A Tarde, Salvador, 16/07/1992)



As classes de palavras


Cena do filme O Bem-amado
Classificar palavras é agrupá-las segundo propriedades e funções comuns. Não basta memorizá-las. Mais importante é atentar para o valor semântico desempenhado pelas palavras. É preciso reconhecer intenções e nuances que estão por trás da escolha de um substantivo na fala de um político, por exemplo. Por que em alguns contextos se fala em "governo", em outros, "nação"? Ou para perceber a intenção decorrente da troca de um adjetivo, como em "selecionamos as modelos mais magras" por "selecionamos as modelos mais leves".

Nos verbos, convém dar atenção aos usos dos tempos e modos. O presente do indicativo, por exemplo, nem sempre faz referência a eventos concomitantes ao ato de fala. Em manchetes jornalísticas é usado para sugerir um efeito de aproximação e atualidade a eventos já ocorridos.

Classes de palavras mais relacionadas à coesão textual, como pronomes, preposições e conjunções, são termos cujo sentido só se atualiza dentro de contexto e que estabelecem relações semânticas fundamentais para a interpretação. Na peça O Bem-amado: farsa sócio-político-patológica, de Dias Gomes, há a fala:

ODORICO: Povo sucupirano! Agoramente já investido no cargo de prefeito, aqui estou para receber a confirmação, ratificação, a autenticação e, por que não dizer, a sagração do povo que me elegeu.

O que leva Odorico a usar a expressão "por que não dizer"? Ela é usada em contextos em que sentimos antecipadamente que a fala seguinte pode ser polêmica. A inclusão da expressão indica que quem fala considera aquilo que dirá tão adequado à situação que prefere correr o risco de ser mal compreendido a abrir mão da justeza do dito. Já o substantivo "sagração" indica atribuição de caráter sagrado, em cerimônia religiosa. A escolha desse substantivo denuncia a autopromoção e a grandiloquência típicas do discurso estereotipado do coronelismo provinciano. A expressão que o antecede justifica seu uso, refutando eventuais acusações de imodéstia.



Pontos e vírgulas
A vírgula geralmente é usada de forma equivocada ao ser equiparada às pausas da fala. Embora pausas e vírgulas sejam comumente aplicadas nos mesmos lugares da oração, vírgula segue outra regra: intercalações, inversões, enumerações e isolamento de termos, e elipse ou exclusão do verbo da oração.

Há duas dimensões do estudo da pontuação:

1) A da pontuação culta, quando dizemos que não se usa vírgula entre sujeito e verbo ou entre verbo e seus objetos, leva-se em conta essa dimensão, que nem sempre afeta o sentido da frase. Escrever "A polícia está bem aparelhada" ou "A polícia, está bem aparelhada" têm o mesmo sentido, embora a segunda frase esteja em desacordo com o padrão culto da língua.

2) A que envolve o sentido da frase. Mudanças de pontuação podem interferir no significado: "Se os homens soubessem o valor que têm, as mulheres viveriam a seus pés" X "Se os homens soubessem o valor que têm as mulheres, viveriam a seus pés".



Concordância verbal
A concordância é uma das propriedades que indicam a capacidade de conexão entre os elementos de uma frase, e é expressa pela morfologia disponível no sistema gramatical. Como no português brasileiro está havendo um processo de enfraquecimento morfológico (estamos perdendo formas, como "tu" e "vós"), a concordância tem deixado de se expressar em muitos casos.

Na gramática tradicional há seis combinações possíveis de pessoa e número: 1ª, 2ª e 3ª pessoas do singular e do plural. Só de olhar a desinência verbal (a terminação das formas dos verbos), já é possível identificar o sujeito, mesmo oculto. Basta escrever "canto" para indicar que o sujeito é "eu" ou "cantas" para dizer que é "tu". Já uma gramática que substitui "tu" por "você" e "vós" por "vocês" mantém os 6 pronomes, mas com morfologia verbal reduzida, pois não são usadas mais as 6 desinências e, sim, 4: não há mais "cantas", só "canta", e não há "cantais", mas "cantam".

Alguns casos de concordância verbal representam mais exceção do que outros. A concordância ideológica, ou silepse, por exemplo, é a que se faz com o sentido, a ideia das palavras - não com sua forma. Nisso difere da concordância verbal bem comportada, em que o predicado (verbo) concorda com o sujeito em número (singular ou plural) e pessoa (1ª, 2ª e 3ª). A silepse deveria referir-se só à concordância de número, mas acabou se estendendo a qualquer fenômeno da concordância ideológica.

De número
"A multidão cercou o palácio, e logo começaram a gritar palavras de ordem."
Aqui o emprego de "começaram" em vez de "começou" se justifica porque o redator considera a ideia plural contida no coletivo "multidão".

"A assembleia age no impulso e acabam se descontrolando."
"Acabam" em lugar de "acaba" registra o mesmo fenômeno de concordância ideológica de número do exemplo anterior.

De gênero
"Sua Santidade é fofo."
A expressão de tratamento de forma gramatical feminina está aplicada a adjetivo representativo do sexo masculino. Uso assegurado pelo padrão culto do idioma.

"A gente fica irritado com certas manobras."
À pessoa do sexo masculino é usado o coletivo feminino "gente".

De pessoa
"Os milhões de brasileiros esperamos por vida melhor."
"Esperamos" em vez de "esperam" é justificado pelo fato de que o declarante se inclui no sujeito enunciado na 3ª pessoa.

"Naquela tarde, ficamos reunidos alguns eleitores."
"Ficamos" é usado no lugar de "ficaram" porque o declarante se inclui entre os eleitores.





Interpretar

Semântica é o estudo do significado das palavras, seus componentes, expressões e construções de frase, e as mudanças de sentido conforme o contexto.

É importante estar atento a textos que intencionalmente tiram proveito do fato de as palavras terem mais de um sentido. Figuras de palavras, principalmente metáfora e metonímia, são recursos originariamente literários que colaboram para a construção do sentido global de um texto.

É preciso atenção redobrada para os expedientes responsáveis pelos sentidos implícitos. O cartum ao lado, de Quino (Mafalda 2. São Paulo: Martins Fontes, 2002), tira proveito da polissemia de "veículo" para produzir efeito cômico e crítico. No quadrinho 1, o duplo sentido do substantivo "veículo" permite que, inicialmente, na fala do garoto, ele tenha o sentido de "mídia", recurso para transmissão da cultura. No quadrinho 3, na fala de Mafalda, a palavra é interpretada com o sentido de "meio de locomoção". Ao recomendar que a cultura dispense esse meio em favor da locomoção a pé, o texto sugere que a programação televisiva, tomada pela violência, em vez de estar a serviço da cultura, propagaria a barbárie.



A formação das palavras
Há dois processos para criar palavras a partir de termos primitivos que sofrem derivação ou composição. Uma derivada é a que usa um radical primitivo + sufixo e/ou prefixo para ganhar novo sentido: "embarcar" vem de "barco". Já a palavra composta é formada por dois outros vocábulos de sentido próprio, como "lobisomem" (lobo + homem). Troca de termos com outros idiomas, empréstimos e neologismos como "deletar" (do inglês to delete, apagar) estão na categoria de formação de palavras.



Releitura e reescrita
> O que é claro para uma pessoa nem sempre o é para outra.

> Se o redator quer ser compreendido, precisa reler o próprio discurso, imaginando como será recebido.

> É preciso fingir ser o próprio leitor, para buscar as questões que o rascunho deixou de fora.

> Traduza o sentido de um período. Busque dizer de modo mais simples, trocar palavras por termos diferentes, mas que traduzem a mesma ideia. Contudo, a paráfrase é "pobre" quando há mera mudança de sinônimos.

> Passagens com truncamentos, ambiguidades ou lacunas levam a imprecisões conceituais ou hiatos de sentido; se não impedem a leitura, indicam precário domínio da linguagem.



Variação linguística


As variantes linguísticas são códigos de expressão que mudam de acordo com a região, o grupo social, a época e a situação na qual o falante se encontra. A variação ocorre porque a sociedade não é uniforme: há os que habitam regiões diferentes das nossas; há os mais idosos e os mais jovens; há os que pertencem a um ou outro grupo social; os que têm esta ou aquela profissão e assim por diante.

A língua representa diferentes tipos de comportamento, variando no interior de uma sociedade e estreitando os laços entre indivíduos, cujos modos de falar os aproximam uns dos outros, criando uma consciência de grupo. Por isso, defende-se que não há uma maneira errada de falar, só a necessidade de adequação da variante ao público, ambiente e ocasião. Em "Deixe a menina", de Chico Buarque, o pronome pessoal "ela" está em desacordo com o padrão: "Por isso, para o seu bem, / Ou tire ela da cabeça, / Ou mereça a moça que você tem." Pelo padrão culto, deveria ter sido usada a forma oblíqua [a] ("Ou tire-a da cabeça"), pois, na função de objeto direto, não se aplicariam os pronomes retos. Apesar disso, esse uso é justificável. A adequação à norma culta afetaria a musicalidade do texto: o verso perderia uma sílaba poética.



A coesão
Coesão são as ligações concretas que dão coerência aos elementos de uma mensagem. Todo escrito se organiza em torno de um elemento de referência. A partir dele, todo o resto se posiciona. Uma ideia deve levar à próxima, sem sobressaltos. Uma afirmação relaciona-se à anterior e à seguinte. Um texto bem escrito não provoca perguntas de preenchimento, em que o leitor tem de voltar ao mesmo trecho para entender o que foi dito. Ser coeso em um texto é assumir o compromisso da manutenção de um tema do começo ao fim. A desordem nas ideias prejudica o entendimento.



Clareza
Clareza é a qualidade de uma mensagem que não deixa dúvidas razoáveis sobre seu sentido. Quando escrevemos, metas se impôem. É preciso ordenar as ideias e os termos da oração (sujeito, predicado, complementos), ter cuidado na escolha de palavras e usá-las em construções sintáticas o mais simples.

Claro é o texto entendido da maneira mais imediata. Há quem escreva truncado como se usasse um escudo que, protetor, também o camufla. A maioria, no entanto, patina por falta de familiaridade com o idioma. Aí é preciso querer ser claro, trabalhar para sê-lo, pôr-se no papel de leitor, até que o sentido surja cristalino.

Há clareza a ser cultivada antes mesmo do primeiro esboço. Afinal, um leitor também "lê" com a memória: ao fim da leitura, improvável que se tenha o texto inteiro radiografado na mente, palavra por palavra. Tende-se a fazer pausas, para que nossa memória de curto prazo forme um resumo do lido até ali. É com essa síntese mental que avançamos a leitura.

Muitos incisos e elementos intercalados fazem o leitor não saber o momento da pausa necessária a seu resumo. Daí o problema com frases longas, excesso de apostos e fatos acumulados, sobreposição de protagonistas e de números. Eles atrapalham a síntese mental.


Passo a passo

> Tenha em mente o projeto de texto que você se propõe.
> Confira se texto flui ponto a ponto.
> Verifique se afirmações se antecipam a eventuais indagações do leitor.
> Corte o que for irrelevante.
> Não omita informações; não exagere nos detalhes.
> Não insista em fatos que o leitor já disponha.
> Melhor dispor de forma linear os elementos da frase.
> Não se desvie do assunto.
> Veja se os trechos não devem ser distribuídos noutro ponto do texto.
> Use palavras de compreensão imediata
> Evite jargão, expressões especializadas ou acessíveis com dificuldade.
> Não repita conectores, muitos "que" para iniciar explicações ou restrições a termos já expostos.
> Evite usar termos como se fossem sinônimos ou antônimos, mas que não têm real relação semântica.
> Quanto terminar, pare.
Revista Língua Portuguesa

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