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terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Projeto literário Dom Casmurro

Um dos livros que mais uso como exemplo de literatura realista é o Dom Casmurro, obra do escritos Machado de Assis. Os alunos gostam o enredo, gostam da linguagem, quando entendem, e entram em discussões enormes sobre o fato Capitu de ter ou não traído o marido. O livro nos dá inúmeras possibilidades de trabalho. Não devemos limitar sua leitura a uma prova com perguntas tiradas de vestibular ou então questões do tipo “quem é o narrador” ou “quem são os personagens principais”. O projeto abaixo, desenvolvido há alguns anos, pode nos ajudar a desenvolver atividades mais atrativas e que desenvolvam nos alunos o gosto pela leitura. Veja abaixo o projeto literário sobre o livro.
imagem-julgamento-capitu

Projeto literário

Disciplina: Língua Portuguesa/Literatura
Ciclo: Ensino Médio
Assunto: Literatura Brasileira
Tipo: Texto
Onde encontrar: Sala de Leitura

CARACTERIZAÇÃO
O objetivo aqui é produzir um texto do gênero dramático, a ser interpretado em sala de aula, a partir do julgamento da personagem Capitu, do livro "Dom Casmurro", de Machado de Assis.

JUSTIFICATIVA
Uma das propostas pedagógicas de nossa escola, no que se refere ao aprimoramento da língua escrita, é proporcionar aos alunos motivos para escrever, a fim de despertar o interesse e aproximá-los do verdadeiro papel social da escrita. Pensando nisso, elaboramos uma atividade de conciliasse leitura, escrita e arte, levando os alunos a refletir durante a leitura e a desenvolver o senso crítico e criativo ao produzir o texto.
DURAÇÃO
[Escrever aqui a duração do mesmo].
OBJETIVOS
Orientar os alunos para que eles adquiram habilidades para:
  • Confrontar opiniões e pontos de vista sobre as diferentes linguagens e suas manifestações específicas.
  • Utilizar-se das linguagens como meio de expressão, informação e comunicação, em situações intersubjetivas, que exijam graus de distanciamento e reflexão sobre os contextos e estatutos dos interlocutores; e colocar-se como protagonista no processo de produção/recepção.
  • Analisar, interpretar e aplicar os recursos expressivos das linguagens, relacionando textos com seus contextos, mediante a natureza, função, organização, estrutura das manifestações, de acordo com as condições de produção/recepção (intenção, época, local, interlocutores participantes da criação e propagação de idéias e escolhas, tecnologias disponíveis etc.).
CONTEÚDOS
  • Texto narrativo: tipos de discurso, pontos de vista.
  • Identificação das idéias principais, secundárias, implícitas e explícitas.
  • Objetivos do texto: funções da linguagem.
  • Produção de textos.
  • Encenação.
PRODUÇÕES FINAIS
1) O texto escrito.
2) Encenação do julgamento de Capitu.


DESENVOLVIMENTO
  • Leitura do livro "Dom Casmurro", de Machado de Assis.
  • Interpretação oral, no grande grupo, da leitura do livro.
  • Orientação de uma advogada sobre com proceder em um julgamento, bem como as funções desempenhadas pelos participantes.
  • Produção de um texto coletivo do gênero dramático, criando a situação do julgamento de Capitu.
  • Apresentação da cena do julgamento para a classe.
AVALIAÇÃO
Produto final
Foi ótima a experiência, pois além de os alunos lerem a obra com prazer, conseguiram inovar na montagem do texto, dando um rumo diferente à história, sem, portanto, descaracterizá-la. Puderam, também, ter algum conhecimento sobre as leis do Código Civil , que despertou em alguns até o interesse pelo curso de Direito e pelo teatro.
1) O texto: O Juízo Final de Capitu
Personagens
  • Juiz (roupa social, homem sério):
  • Advogado de Defesa (roupa social, homem extrovertido):
  • Advogado de Acusação - “Tio Cosme” (roupa social, homem gordo):
  • Guarda (colete da polícia, homem forte):
  • Escrivão (roupa social, homem culto):
  • Júri (pessoas que já morreram e suas roupas características):
    1. Monteiro Lobato:
    2. Ray Charles:
    3. Marilin Monroe:
    4. Princesa Isabel:
    5. Joana Dark:
  • Capitu (roupa de época, garota inocente e meiga):
  • Bentinho (roupa de época, homem velho):
  • Dona Glória (roupa de época, senhora conservada):
  • José Dias (roupa de época, homem esbelto):
  • Prima Justina (roupa de época, velha intrigueira): J
  • Sancha (roupa de época, bonita):
  • Escobar (roupa de época, esbelto e conquistador):
  • Diabinho (roupa característica):

Primeiro Ato

Bentinho (sentado e escrevendo) – É, bem, qualquer que seja a solução, uma coisa fica, e é a suma das sumas, ou o resto dos restos, a saber, que a minha primeira amiga e o meu maior amigo, tão extremoso ambos e tão queridos também, quis o destino que acabassem juntando-se e me enganando... A terra lhe seja leve! Ufa! Terminei (Levanta) Será que fui traído mesmo? Será que Escobar teria esse despeito? Eu preferiria morrer a ficar com essa dúvida!Ah...(põe a mão no coração e cai)

Segundo Ato


(O tribunal já está montado, e Bentinho entra como se estivesse caindo)
Bentinho - Onde estou? Que lugar é esse?
Tio Cosme – Sente aí e fique quieto, que o julgamento já vai começar.
Bentinho – Mas...
Guarda – Todos em pé para a entrada do excelentíssimo senhor juiz.
Juiz – (entra) Sentem-se, por favor! E que entre os Jurados.
Guarda – Ray Charles... Monteiro Lobato... Marilin Monroe... Joana Dark... Princesa Isabel.
(Todos entram e ficam em pé até o último entrar e só então sentam)
Juiz – Tragam a ré!
Capitu (entra e senta do lado de seu advogado)
Bentinho – (levanta e fala alto) O que é isso e o que ela está fazendo aqui, Tio?
Tio Cosme – Fale baixo, esse é o juízo final da Capitu!
Juiz – Silêncio, silêncio no tribunal! (espera) Vamos aos autos do processo. Consta do mesmo que Capitu comete adultério contra seu marido Bentinho. Procedamos à apuração dos fatos com provas testemunhais. A palavra é sua, senhor advogado
Tio Cosme – (levanta e se vira para os jurados) O meu cliente está acusando a senhora Capitolina de adultério. Muitas provas revelam que isso é verdade.
Juiz – Que entre a primeira testemunha.
Guarda – Senhora Glória, Mãe de Bentinho.
Sr. Glória – (entra e senta próxima ao juiz)
Juiz – Vamos ao juramento. Eu Juro...
Sr. Glória – Eu juro...
Juiz – Dizer toda a verdade...
Sr. Glória – Dizer toda a verdade...
Juiz – Somente a verdade...
Sr. Glória – Somente a verdade...
Diabinho – Se mentir vai para o inferno junto comigo!
Juiz – Nada mais que a verdade...
Sr. Glória – Nada mais que a verdade.
Juiz-Advogado de acusação pode começar a fazer suas perguntas.
Tio Cosme – Como a senhora descreveria seu filho?
Sr. Glória – Ele sempre foi um bom moço, até começou os estudos para ser padre. Bondoso, honesto e estudioso. Depois de largar o seminário ele se formou em direito.
Tio Cosme – Quando ele conheceu Escobar?
Sr. Glória – Foi durante a época do seminário, os dois largaram os estudos juntos.
Tio Cosme – Você conheceu o Escobar?
Sr. Glória - Oh, sim. Ele era um moço muito bom também, ou pelo menos parecia bom, por ser vendedor ele tinha um ótimo papo, que convenceria qualquer um.
Tio Cosme – Como era a convivência de Bentinho com Capitu?
Sr. Glória – Desde pequenos eles sempre tiveram uma ótima relação, ele até largou o seminário por causa dela. Mas depois do nascimento de Ezequiel, a relação começou a mudar.
Tio Cosme – Por quê?
Sr. Glória – Pois Ezequiel se parecia muito com Escobar, e a dúvida de um suposto adultério começou a separá-los.
Tio Cosme – Meritíssimo, minhas perguntas já acabaram.
Juiz – Sr. Advogado de defesa, gostaria de fazer alguma pergunta?
Advogado de Defesa – Não, excelência.
Juiz – A testemunha já pode se retirar.
Sr. Glória – (sai)
Juiz – Pode entrar a próxima testemunha.
Guarda – Sr. José Dias
José Dias-(entra e senta próximo ao juiz)
Juiz – Vamos ao juramento. Eu Juro...
José Dias – Eu juro...
Juiz – Dizer toda a verdade...
Diabinho – Se mentir vai para o inverno comigo! Há, há, há.
José Dias – Dizer toda a verdade...
Juiz – Somente a verdade...
José Dias – Somente a verdade...
Juiz – Nada mais que a verdade...
José Dias – Nada mais que a verdade.
Tio Cosme – O que você é de Bentinho?
José Dias – Eu sou apenas um agregado, e morei com ele por quase toda a minha vida.
Tio Cosme – Você sabe por que ele abandonou o seminário?
José Dias – Oh, sei sim. Ele abandonou por causa de seu amor por Capitu.
Tio Cosme - E ele era correspondido?
José Dias – Desde pequenos os dois sempre gostaram um do outro. Era belíssimo!(abre um grande sorriso)
Tio Cosme – Você estava no velório do Escobar?
José Dias – Mas é claro, foi a partir daí que ao meu ver o amor entre os dois começou a acabar.
Tio Cosme – Como assim?
José Dias – Capitolina estava com aqueles olhos oblíquos e dissimulados que sempre me deixaram aflitos. E esse olhar com certeza foi o que mais magoou o meu amigo.
Tio Cosme – Meritíssimo, minhas perguntas acabaram.
Juiz – O sr. Advogado de defesa gostaria de fazer alguma pergunta?
Advogado de Defesa – Apenas uma, meritíssimo. Sr. José Dias, como um simples olhar pode provar a traição de Capitu?
José Dias – (constrangido) É....então...como eu estava dizendo....Eu não sei responder.
Advogado de Defesa – (ri, satisfeito) Minhas perguntas acabaram, meritíssimo.
José Dias– (sai)
Juiz – Pode entrar a próxima testemunha.
Guarda – Sra. Sancha
Sancha -(entra e senta próxima ao juiz)
Juiz – Vamos ao juramento. Eu Juro...
Sancha – Eu juro...
Juiz – Dizer toda a verdade...
Sancha – Dizer toda a verdade...
Juiz – Somente a verdade...
Sancha – Somente a verdade...
Juiz – Nada mais que a verdade...
Diabinho – Se mentir vai para o inverno comigo! Há, há, há.
Sancha – Nada mais que a verdade.
Advogado de Defesa – Quando você conheceu a sra. Capitolina?
Sancha – Eu a conheço desde os tempos de Colégio.
Advogado de Defesa – Como você a descreveria?
Sancha – Ela sempre foi uma mulher meiga e atenciosa e sempre teve um grande poder para surpreender.
Advogado de Defesa – Você já viu esses tais olhos “oblíquos e dissimulados”?
Sancha – Desde pequena ela tem esses tais olhos, nunca os entendi direito, às vezes é por amor, às vezes por tristeza, às vezes por dúvida e às vezes por raiva.
Advogado de Defesa – Você alguma vez desconfiou de seu marido Escobar?
Sancha – Nunca, pois ele sempre foi um homem bom, e sempre me passou confiança.
Advogado de Defesa – Como você encarava o relacionamento de Escobar e Capitu?
Sancha – Eu nunca vi nada de mais. A única coisa que eu me lembro foi de duas vezes ele ter ido a casa dela e não me dizer o porquê.
Advogado de Defesa – Meritíssimo, minhas perguntas acabaram.
Juiz – Sr. Advogado de acusação, tem alguma pergunta?
Tio Cosme – Não, excelência.
Juiz – Vamos ao depoimento de Bentinho.
Bentinho – (Levanta-se e senta-se próximo ao juiz)
Juiz – Vamos ao juramento. Eu Juro...
Bentinho – Eu juro...
Juiz – Dizer toda a verdade...
Bentinho – Dizer toda a verdade...
Juiz – Somente a verdade...
Bentinho – Somente a verdade...
Juiz – Nada mais que a verdade...
Diabinho – Se mentir vai para o inverno comigo! Há, há, há.
Bentinho – Nada mais que a verdade.
Advogado de Defesa – Quando começaram as suspeitas de que Capitu estaria te traindo?
Bentinho – Quando ela mesma me contou que Escobar tinha ido até nossa casa enquanto eu não estava lá. Mas minhas suspeitas aumentaram quando em certo dia eu fui a uma ópera e Capitu disse que não iria, pois estava com dor de cabeça, e quando eu voltei vi Escobar saindo e ela já estava melhor.
Advogado de Defesa – Mas isso não prova nada, não é mesmo Bentinho?!. Como você pode provar com grande certeza sua suposição?
Bentinho – Além de tudo isso meu filho que nasceu tinha a cara do Escobar. E também no velório de Escobar, Capitu estava com aqueles olhos de ressaca, que sempre me deixaram enciumado.
Advogado de Defesa – Meritíssimo, minhas perguntas acabaram.
Juiz – Vamos ao depoimento da ré, Sra. Capitolina.
Capitu – (Levanta-se e senta-se próxima ao juiz)
Juiz – Vamos ao juramento. Eu Juro...
Capitu – Eu juro...
Juiz – Dizer toda a verdade...
Capitu – Dizer toda a verdade...
Juiz – Somente a verdade...
Capitu – Somente a verdade...
Juiz – Nada mais que a verdade...
Diabinho – Se mentir vai para o inverno comigo! Há, há, há.
Capitu – Nada mais que a verdade.
Tio Cosme – Como você explica as visitas de Escobar em sua casa?
Capitu – Não tenho como explicar, ele ia me visitar como um simples amigo.
Tio Cosme – Mas por que sempre que ele ia seu marido não estava em casa?
Capitu – Eu acho que por simples coincidência.
Tio Cosme – Ora, ora, ora, todos sabemos que coincidências não existem, vamos diga a verdade, todos sabemos que você está tentando nos enganar!!!(diz tudo isso com um tom de raiva)
Advogado de Defesa – Protesto! Ele está pressionando a minha cliente, isso vai contra a lei número 9116/725, Parágrafo 3º
Juiz – Protesto aceito, e não precisa me dizer sobre as leis, pois com certeza eu sei muito mais delas que você. Sente-se sr. Advogado de Acusação. Capitu, pode ir para seu lugar.(Espera todos irem para seus lugares). Ninguém mais tem nenhuma testemunha?
Advogado de Defesa – Eu tenho a minha última testemunha.
Guarda – Sr. Escobar.
Escobar – (entra e senta-se próximo ao juiz)
Advogado de defesa – Diga o que aconteceu verdadeiramente nas suas visitas a Capitu.
Escobar – Da primeira vez eu fiquei esperando Bentinho sair e quando ele saiu, eu chamei. Pois eu sabia que ele não compreenderia o meu problema.Eu fui lá para desabafar uma coisa que estava me incomodando. Depois do nascimento da minha filha, o médico disse que eu tinha ficado estéril. Eu não tive coragem de contar para a minha mulher. Capitu me sugeriu que eu adotasse uma criança. Mas como eu queria fazer uma surpresa para minha amada Sancha, Capitu teria que assinar as papeladas no lugar dela. Nós tínhamos combinado o dia que ela iria assinar os papéis, por isso ela disse estar com dor de cabeça. Eu estava com medo de que Bentinho descobrisse sobre esses papéis, por isso levei-os dentro de outros papéis judiciais que eu tinha em casa. A adoção só não aconteceu porque eu morri.
Advogado de Defesa – Isso também prova que Ezequiel não pode ser filho de Escobar, mesmo parecendo, pois como o próprio Escobar disse, ele era estéril. (Tira da maleta alguns papéis) Excelência, aqui estão as provas escritas, o termo de adoção, o laudo de esterilidade de Escobar.
Juiz – Faremos agora um recesso de meia hora, após isso daremos o veredicto final.
(os jurados saem e o juiz também) ( o guarda entra com um relógio na mão e o adianta) ( Os jurados e o juiz retornam) (todos ficam no mais absoluto silêncio)
Juiz – Sra. Capitolina, fique em pé. Após ouvirem as testemunhas e analisarem as provas escritas, o júri decidiu que... a ré Capitolina é inocente, caso encerrado (bate o martelo).
Diabinho – Menos uma no inferno, que droga!!! Desse jeito eu vou à falência.
(o júri e o juiz saem)
Bentinho – (se aproxima de Capitu) Desculpe minha amada, agora eu te entendo, gostaria que me perdoasse por tudo que eu lhe fiz passar. E volte para mim.
Capitu – Eu te perdoo, mas...
Advogado de Defesa -...agora ela é minha.(abaixa e dá um beijo cinematográfico em Capitu)
(todo o cenário é retirado)
Bentinho – (Acorda como se tudo não passasse de um sonho) Não sei se isso foi um sonho, mas agora já sei que Capitu é inocente. Vou agora escrever outro livro que se chamará História dos Subúrbios. (senta-se e começa a escrever)

Fonte: Análise de textos

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