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segunda-feira, 16 de junho de 2014

O homem que brincava de fazer arte



Objetivos
Observar as influências entre as diversas correntes artísticas ao longo do tempo e perceber a contribuição de Pablo Picasso nas artes plásticas

Introdução
"Quando criança, eu desenhava como Rafael. À medida que fiquei mais velho, passei a desenhar como criança".
As palavras do pintor espanhol Pablo Picasso sintetizam sua trajetória artística. Ao longo de sete décadas, ele criou pinturas, colagens, esculturas, gravuras, cerâmicas, cenários para balés, uma produção "caudalosa", resume a reportagem de VEJA. Durante esse tempo, aprendeu a brincar com imagens, a apresentá-las livremente, com frescor e espontaneidade. Também aprendeu a olhar o mundo com olhos de criança, como quem o vê pela primeira vez, e transmitiu esses ensinamentos a gerações de artistas plásticos. Foi esse o maior legado de Picasso. Hoje, quando a liberdade e a subjetividade se manifestam na arte, é difícil imaginar que, antes dele, não era assim.

Naturalmente, não desenhar "como Rafael" não significa esquecer as lições do mestre renascentista e de outros mestres. Ao contrário, a criatividade de Pablo Picasso recebeu as influências de todos os séculos e de todas as latitudes da expressão artística. O plano de aula vai ajudá-lo a mostrar a seus alunos a rede de vasos comunicantes das artes plásticas, tecida ao longo dos séculos.

A realidade da arte
O desenho de uma árvore é uma representação do real, mas também faz parte da realidade. Especialmente aos olhos de um artista: para ele, a pintura é tão real quanto a árvore. Muito de seu trabalho é alimentado pela própria arte, ao revisitar temas e tradições. Não se trata de uma cópia: ele experimenta, explora, incorpora e afinal "desaprende", como Picasso "desaprendeu" Rafael.

Essas influências e incorporações se manifestaram em momentos decisivos da obra de Picasso. Em 1907, ele transformou a maneira de apresentar a figura feminina com a tela Les Demoiselles d'Avignon, inspirada nas máscaras tradicionais africanas. Seguiu-se a revolução do cubismo (1909-1912), que nega a perspectiva criada no Renascimento e apresenta as massas de um objeto sob diferentes focos de luz. A influência maior foi exercida pelo pós-impressionista francês Paul Cézanne (1839-1906), que enfatizou a massa e a estrutura subjacente do objeto e não a visão apresentada pela luz que dele irradia. O resultado, no caso do cubismo, foram as visões múltiplas do objeto e a fratura do espaço, do jogo de luzes e sombras e da cor, que até hoje marcam as artes plásticas.

Nas décadas seguintes, Picasso manteve diálogo com outros movimentos artísticos e culturais, como o surrealismo e o expressionismo. O contato com o surrealismo ajudou-o a explorar o tema da sexualidade em imagens como as da série do Minotauro, símbolo do humano e do animal em cada um de nós. As deformações do expressionismo, por sua vez, integraram-se ao cubismo a ponto de se tornarem características da arte de Picasso. Como observa a reportagem de VEJA, esse é o estilo predominante em muitas obras da mostra Picasso Anos de Guerra 1937-1945. Entre essas obras estão as gravuras dedicadas a Dora Maar. Nelas, ignorando convenções do "belo", Picasso mostra como percebia a namorada. Apesar das "monstruosidades" expressionistas, lembram as fotografias de Dora Maar (veja a reportagem e o site www.whom.co.uk/dora/doramaar.htm).

Cubismo, expressionismo e o barroco do flamengo Rubens (1577-1640) somam-se na grande ausência da mostra: o mural Guernica, criado em 1937, depois que a aviação nazista massacrou a aldeia basca de Guernica, durante a Guerra Civil Espanhola. Entre as imagens está a de uma mulher de braços erguidos, que parece transplantada da tela Horror da Guerra, de Rubens.

"Frágil, o mural não deixa mais a Espanha", informa a reportagem. Mas sua força enquanto denúncia dos horrores da guerra permanece total. Conta-se que na França, durante a Segunda Guerra Mundial, um nazista perguntou a Picasso se ele é quem havia feito o mural. O pintor respondeu, numa referência à violência alemã contra as pessoas e animais da aldeia: "Não. Foram vocês."

Atividades
1. Encarregue os alunos de rastrear as principais influências na arte de Picasso. Algumas pistas: a arte francesa do século XIX; a arte espanhola (Velázquez, El Greco, Goya; a arte grega, especialmente na cerâmica).

2. Encomende pesquisas em livros e na internet sobre fotos de Dora Maar e as gravuras de Picasso que a representam. A partir desse material, mostre à classe como o universo criado pelo pintor tem raízes na realidade.

3. Encomende pesquisas sobre a obra de Cândido Portinari, especialmente a dramática série dos Retirantes. Mostre aos alunos como algumas soluções do pintor brasileiro foram influenciadas por Picasso.


1905:

Pintado em Paris, o óleo sobre tela Família de Saltimbancos demonstra simpatia e solidariedade em relação aos modelos, pessoas independentes e livres. Pertence à chamada "fase rosa" de Picasso








1907:

Influenciado pela arte africana e pela expressão de massas na obra de Cézanne, Les Demoiselles d'Avignon é uma obra revolucionária, que rompe com a perspectiva linear tradicional e com o modo de representar a figura feminina na pintura clássica




1909:

O Reservatório em Horta de Ebro (óleo sobre tela) apresenta a estrutura geométrica de um cristal. Mostra influências de Cézanne e das paisagens pintadas por Georges Braque (1882-1963). Entre 1909 e 1912, Picasso e Braque trabalharam em conjunto, lançando o movimento conhecido como cubismo



1934:

Minotauro Cego Guiado por uma Menina. Influenciado pelo surrealismo, Picasso explora a noção de metamorfose em suas obras. O tema do Minotauro, desse período, é muitas vezes uma auto-imagem, associada à luta entre o humano e o bestial em cada pessoa








1937:

As imagens fragmentadas de Guernica denunciam o massacre de uma aldeia pela aviação alemã a serviço do franquismo durante a Guerra Civil na Espanha. O mural, encomendado pelo governo republicano, está hoje no Museu do Prado. Acima, um estudo do pintor para Guernica




Veja também:
http://revistaescola.abril.com.br/ensino-medio/homem-brincava-fazer-arte-427194.shtml

BIBLIOGRAFIA
Cézanne, Hajo Düchting, Taschen Editora
O Pensamento Vivo de Picasso, José G. Simões Júnior, Martin Claret Ed., tel.: (0-XX-11) 262-8144
Picasso and the War Years, 1937-1945, Stephen A. Nash (ed.), Thames and Hudson

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