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segunda-feira, 18 de abril de 2011

"FECHOU OS OLHOS AQUELE QUE NOS ABRIU OS OLHOS" - no dia de Monteiro Lobato, achei esta publicação no banco de dados da Folha, datado de 1948 e quis compartilhar com vocês.

Afirma Guilherme de Almeida sobre o desaparecimento do grande escritor - Recebeu em vida, e agora, na morte, a consagração popular - Depoimento de Menotti del Picchia e Edgar Cavalheiro - Decretado luto oficial
O dia de ontem não foi o domingo alegre que os paulistas costumavam ter. A morte de Monteiro Lobato surpreendeu São Paulo, levou o pesar a quase todos os espiritos e veio roubar à literatura brasileira uma de suas figuras mais vivas e populares. Independente, simples, bem humorado, corajoso, critico, o criador de Emilia surgiu para as letras de uma hora para outra (é esse, aliás, o seu feitio), graças apenas a um artigo de jornal, e, desde logo, conquistou o mundo leitor, fazendo com que suas obras fossem procuradas por multidões nas livrarias e lidas de um só folego.
Depois de conquistar os grandes, com uma pleiade de contos que ninguem lê uma só vez, Monteiro Lobato atraiu a criançada com uma serie de historias educativas: seus livros não tardaram a transpor as fronteiras do país, não se sabendo hoje, com certeza, se as tiragens em lingua espanhola superaram já as nossas... Monteiro Lobato morreu.
Ele se dizia preparado para a morte. De Buenos Aires, certa vez, afirmou, sempre brincalhão, que estava ansioso por saber se a morte era virgula, ponto e virgula ou ponto final...
Estamos certos, entretanto, de que foi uma perda irreparável para as letras brasileiras. Como ele é querido e popular, di-lo agora, mais do que antes, a visitação pública ao seu corpo.
Na Biblioteca Municipal registra-se um suceder incessante de admiradores seus, gente de todos os tamanhos e de todas as idades, crianças puxadas pela mão e velhos apoiados em bengalas, todos desejosos de vê-lo pela última vez. E ao dar com o povo enfileirado, entrando e saindo da Biblioteca, é que se observa como Monteiro Lobato está vivo, vivo nos corações das crianças, vivo na admiração dos grandes e,
vivo mais do que nunca, nas páginas de seus livros...
Um dos nossos maiores patriotas combatentes sobre a morte de Monteiro Lobato, o escritor Menotti del Picchia disse às "Folhas" as seguintes palavras:

— "É a maior expressão literária de São Paulo atual que desaparece. A ausência de Lobato é uma perda imensa para a cultura brasileira, uma vez que ele não se limitava a ser apenas um criador de personagens imaginários, mas um homem que procurava a verdadeira realidade do Brasil, combatendo por ela com uma bravura que o recomenda como um dos nossos maiores patriotas combatentes. Três pontos pinaculares marcam a carreira do criador de "Urupês": a redenção do homem brasileiro, a autonomia econômica do país e o amparo espiritual à infância.




 Basta isso — concluiu — para se ter uma medida da grandeza do paulista que o Brasil perdeu..."

Guilherme de Almeida assim se expressou:

— "O desaparecimento de Monteiro Lobato deixa-nos desarvorados. Não só nas letras como na vida nacional, Lobato era a nossa sentinela atenta. Foi ele que sempre nos alertou, adultos ou crianças: — àqueles, ensinando a realidade: a estas, ensinando o sonho. Fechou os olhos aquele que nos abriu os olhos. O que nos resta? Essa grande lágrima que todos, todos estão chorando..."


Edgard Cavalheiro, outro amigo de Monteiro Lobato — todos eram seus amigos — assim se referiu sobre o seu passamento:

— "Monteiro Lobato foi, a meu ver, não só um dos maiores escritores do Brasil, mas principalmente um dos maiores brasileiros de todos os tempos. Era um homem público na mais ampla acepção do vocábulo. Sua ação transcendeu sempre o simples campo literário. Deu ao escritor uma grande dignidade, levando-o a liderar grandes e nobres campanhas. Lobato abriu os caminhos para a penetração do livro brasileiro no "hinterland". Lobato agitou o problema do ferro. Lobato levantou a grave questão do petróleo provando — contra a opinião da própria Comissão Nacional do Petróleo — que tinhamos petróleo e poderíamos explorá-lo.
"Do escritor, o que dizer? É um dos nossos maiores contistas; e indiscutivelmente o maior escritor de livros infantis, não só do Brasil, mas talvez do mundo. Há escritores autores de grandes livros: Collodi, com o "Pinochio"; Carol, com "Alice no País das Maravilhas", etc, etc. Mas Lobato — arrematou Edgard Cavalheiro — é mais do que o autor de um grande livro infantil: é autor de toda uma saga, todo um rocambole que faz às delicias dos meninos de 8 aos 80 anos."

Em data de ontem, sob o numero 18.179, o Sr. Ademar de Barros, governador do Estado, assinou o seguinte decreto, instituindo luto oficial pela morte de Monteiro Lobato:

"Considerando que o falecimento de Monteiro Lobato representa uma grande perda para a inteligência e a cultura brasileiras;
"Considerando o excepcional valor humano, social e estilístico de sua obra de escritor que o tornou um nome de repercussão não só nacional, como sul-americano;
"Considerando ainda o seu exemplo de coragem cívica, o seu amor aos problemas do país e a sua criação no dominio da literatura infantil, em que foi mestre, de modo a influir beneficamente na formação de uma nova mentalidade entre as crianças, por ele despertadas para o amor às coisas de nossa gente e de nossa terra:
"DECRETA: "Artigo unico — Fica instituido luto oficial por 24 horas, nas repartições públicas e estabelecimentos escolares, em homenagem à memória de Monteiro Lobato, o grande escritor brasileiro, hoje falecido nesta capital".

2 comentários:

Caio Hoffmann disse...

Oi Aline, Aqui é o Caio!
Blog maravilhoso como sempre... estou aqui pra falar do meu novo trabalho na web, o blog Crônicas de Uma Sala de Aula, onde à partir de segunda feira (25) vou começar a postar uma história sobre uma turma e suas aventuras. Link www.cronicasdeumasaladeaula.blogspot.com

Te espero lá!
Caio

Aline Carla Rodrigues disse...

Conte comigo Caio em seu novo espaço e tenho certeza que será um sucesso. Grande abraço.

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